Análise Psicanalítica do Filme
A Filha Perdida
POR QUE NINA ALFINETOU LEDA?
Muito se tem falado de Leda e os diversos conceitos psicanalíticos que permeiam sua personagem. Contudo, vi poucos conteúdos sobre a análise do perfil de Nina.
Talvez, por ser uma personagem secundária e esteja encoberta pela forte presença de Leda.
E é justamente sobre esse perfil que me tem chamado atenção: Aquelas mulheres que sempre estão a sombra, aguardando um resgate que vem de fora e tentando viver uma felicidade furtiva, na maioria das vezes transgressiva (para si ou para a sociedade).
Nina estava sufocada, por uma parente que romanceava a maternidade, por sempre a desejar e só conseguirá com a idade “avançada”, com um marido ausente e muito ciumento, por uma filha carente, por uma família barulhenta e machista.
Naquela férias, encontrou uma mulher que a entendia e não a julgava. Seus olhares cúmplices criaram um elo de identificação, introjetando seu desejo de independência.
Leda entendia sua dor e seu grito de socorro. Finalmente fora vista, percebida, acolhida e cuidada, fazendo-a viver regressivamente a menininha que precisa ser defendida.
Ainda sem acreditar em si mesma, envia o amante para pedir o “favor”, e recebeu de volta a mensagem, daquela que a considerava sua inspiração, a mãe boa: – Você não precisa se esconder por detrás de um homem.
Tudo estava perfeito até que… Leda confessa seus erros, seus pecados. Não era mulher/mãe idealizada, conforme as suas fantasias. Não a livrara da dor, ao contrário impôs a maior dor que uma mãe pode sentir que é ver um filho sofrendo e não puder fazer nada para aliviar.
Nesse momento houve uma grande descoberta: Nina não era e não seria igual a Leda! Ela nunca se sentiria feliz em detrimento do sofrimento de sua filha.
Encontramos na cena da alfinetada o ápice do desapontamento: a mãe boa transformar-se na mãe má! O seio mau precisa ser destruído conforme a posição esquizoparanoíde de Klein.
A Fantasia de aniquilamento colocada em passagem ao ato, com o objetivo também de rompimento. Laços inconscientemente quebrados.
O que você acrescentaria sobre a personagem Nina?
Joseane Pires
Psicanalista