Análise Psicanalítica do Filme

Encanto

Encanto conta a história dos Madrigal, uma família extraordinária que vive escondida nas montanhas da Colômbia, em um lugar maravilhoso chamado Encanto. A magia deste Encanto abençoou todos da família com um dom único, desde superforça até o poder de curar. Todos, exceto Mirabel.

Mas o que verdadeiramente encanta aos adultos no filme?

Para responder essa minha pergunta precisarei contextualizar:

O nascimento de um filho carrega consigo as expectativas, naqueles que o gerou, de reparar ou realizar desejos inconsciente ou conscientes. Algo até certo ponto normal e muito comum.

• Meu filho(a) saberá se defender e não terá os mesmos medos e dificuldades que tenho.
• Meu filho(a) será um profissional de sucesso, ninguém o fará de bobo.

Nestes exemplos, observamos pais antevendo problemas/dificuldades que muitas vezes foram vivenciados por eles mesmos e que são projetados/fantasiados em seus filhos como uma realidade que precisa ser reparada.

No exemplo do filme, Abuerla Alma, a matriarca da família e avó de Mirabel, idealizou um mundo perfeito, a partir de sua própria dor. Assim, cada membro da família precisariam ter um dom que os protegessem da maldade dos homens.Todos da família carregavam o peso de assumir um ‘papel salvador’ mesmo que isso causasse sofrimentos e angústias.

O Narcisismo dos pais e o Ideal do Eu mostrado de uma forma simples e contextualizada.

Mirabel rompe com o ciclo, liberta a família a partir de sua própria dor. Contudo, isso só ocorre no momento em que aceita e enfrenta sua própria verdade.

Quando alguém entrar num processo de análise acaba resgatando seu verdeiro eu, respingando quem está seu redor. Foi o que ocorreu com as suas irmãs, Isabela quando confessa que não gostaria de casar com o homem mais bonito da cidade e com Luísa, cansada de trabalhar todos os dias sem descanso.

Talvez o encanto de Encanto seja o seu final, quando a matriar acolhe a todos, permitindo que cada um tenha sua própria identidade.

No setting, o analisante ao entrar em contato com a sua dor infantil busca no processo transferencial esse acolhimento.

Esse é uma perspectiva do filme, qual é a sua?

Joseane Pires