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O Mecanismo Psíquico Do Esquecimento (1898)

O MECANISMO PSÍQUICO DO ESQUECIMENTO (1898)

O fenômeno do esquecimento, experimentado universalmente, em geral afeta os nomes próprios. Duas características concomitantes do esquecimento são a concentração de atenção deliberada e enérgica, que se prova impotente para encontrar o nome esquecido, e o aparecimento de outro nome em lugar daquele que buscamos, nome esse que reconhecemos como incorreto e rejeitamos mas que insiste em voltar à nossa mente.

A melhor maneira de recordar o nome perdido é não pensar mais nele; depois de algum tempo o nome surge subitamente na cabeça. Freud foi a Herzegovina, de férias. Conversava-se sobre a condição dos dois países (Bósnia e Herzegovina) e sobre o caráter de seus habitantes. A discussão voltou-se para a Itália e para a pintura. Freud recomendou que seus companheiros fossem e Orvieto para apreciar os afrescos do Fim do mundo» e do Juízo Finals, mas foi incapaz de se lembrar do nome do autor.

Ele só conseguia pensar em Botticelli e Boltraffio. Viu-se forçado a se conformar com o lapso de memória por vários dias até que encontrou alguém que lhe disse o nome do artista: Luca Signorelli. Freud interpretou seu esquecimento da seguinte maneira: Botticelli contém as mesmas sílabas finais que Signorelli, o nome Bósnia mostrou-se na substituição dos dois artistas, cujos nomes começam com a sílaba «Bo».

O lugar onde uma notícia de morte e sexo atingiu Freud chamava-se «Trafoi», semelhante à segunda parte do nome Boltraffio. Esse exemplo pode servir de modelo para processos patológicos aos quais devem sua origem os sintomas psíquicos das psiconeuroses: histeria, obsessões e paranóia. Nas neuroses, um curso de ideias recalcadas toma posse de uma inocente impressão recente e submerge com esta no recalcamento.

Fonte: Sinopses das Obras de Freud
Páginas: 63