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Escritores Criativos e Devaneios (1908)

Escritores Criativos e Devaneios (1908)

Esse artigo se origina de uma conferência proferida em 6 de dezembro de 1907. Toda criança brincando se comporta como um escritor criativo, pois cria um mundo próprio ou rearranja os elementos de seu mundo de uma maneira nova que lhe agrade.

O oposto de brincar não é o que é sério, mas sim o que é real. O escritor faz o mesmo que a criança que brinca: ele cria um mundo de fantasia, o qual leva muito a sério. Quando crescem, as pessoas param de brincar e parecem renunciar ao prazer que obtinham da brincadeira.

A criança em crescimento quando para de brincar não renuncia a nada, apenas abdica do elo com os objetos reais; em vez de brincar ela passa a fantasiar. As fantasias das pessoas são mais difíceis de se observar do que as brincadeiras das crianças.

O adulto tem vergonha de suas fantasias e as esconde dos outros. A brincadeira das crianças é determinada por desejos: por um único desejo, que ajuda seu desenvolvimento, o desejo de crescer e ser adulto. A força motivadora das fantasias são desejos não satisfeitos e toda fantasia é a realização de um desejo, a correção de uma realidade insatisfatória.

Uma experiência forte do presente desperta no escritor a lembrança de uma experiência anterior, da qual se origina um desejo que encontra realização no trabalho criativo. A própria obra exibe elementos da ocasião recente e da lembrança antiga.

Fonte: Sinopses das Obras de Freud.
Página 124