Conceitos Fundamentais em Psicanálise
O Inconsciente
Antes de mais nada, vale precisar o que se entende por inconsciente freudiano e é necessário fazê-lo, dado que essa palavra já existia antes do nascimento da psicanálise. Empregado pela primeira vez com o significado de “não consciente” pelo jurista escocês Home Kames, o termo iria se popularizar mais tarde na Alemanha, na época romântica, para designar um depósito de imagens mentais, fonte de paixões intangíveis.
Mas o inconsciente que Freud descobre tem uma especificidade própria, uma vez que não é um lugar enterrado e remoto sobre o qual se especula, mas que retorna em suas formações: sonhos, lapsos, sintomas, chistes. Separado da consciência, habitando o lugar da “outra cena”, não está condenado ao silêncio, porque irrompe insistentemente. É mediante essas aparições que captamos sua lógica, aquela segundo a qual Lacan diz que o inconsciente está estruturado como uma linguagem.
Se definirmos o inconsciente como sistema, esse será o ponto de vista tópico pelo qual se diferencia do pré-consciente e da consciência. Se o definirmos por sua pujança urgente, esse será o ponto de vista econômico. Os conteúdos do pré-consciente chegam sem dificuldade à consciência, ao passo que aqueles que são próprios do inconsciente só se manifestam desfigurados nas diversas formações que retornam.
Esses conteúdos são representantes das pulsões e regidos por mecanismos específicos do processo primário; chegam à consciência como produtos de um compromisso entre diversas instâncias.
O inconsciente não é só uma instância psíquica, puramente mental; tem uma energia pulsional que insta, que lateja, que insiste. Assim, as representações inconscientes se encontram dispostas em forma de fantasias, cenários nos quais se fixa a pulsão e que podem ser concebidos como verdadeiras representações do desejo.
Fonte: Tudo O Que Você Precisa Saber Sobre Psicanálise – Silvia Ons
Páginas: 43 a 45